O que eu não devia ter visto – Conto Erótico Parte 1
- Beatriz Montteh
- 7 de out.
- 4 min de leitura
"Cadê a Juliiana? Ela não vem?"
A pergunta saiu despretensiosa, mas a resposta que veio não. Percebi um tom de receio na voz do Matheus, um baixo súbito que não combinava com o burburinho animado da festa.
Ele evitou meu olhar, deixou o silêncio pesar por um momento que pareceu uma eternidade, e então, após um longo suspiro que parecia carregar o peso do mundo, soltou:
"A gente terminou."
"Quê?" Meus olhos se arregalaram, incrédulos. Aquele homem à minha frente era louco por ela. Era um fato, uma verdade absoluta como o nascer do sol. "Como assim, Matheus? Vocês dois sempre foram apaixonados um pelo outro. O que foi que aconteceu?"
Ele encarou o vazio, os ombros curvados sob uma carga invisível. "Ah, Raquel... as coisas mudam. Ao longo desses três anos, ela mudou, eu mudei. É a vida." Sua voz era um fio de resignação. "Chegamos a um consenso e sei que vai ser melhor assim."
Uau. A palavra ecoou na minha mente, vazia. Eu não conseguia acreditar naquilo. Há menos de um mês, o próprio Matheus me falava sobre seus planos de se casar com ela, os olhos brilhando com um futuro que parecia inevitável.
Nossos cinco anos de amizade me ensinaram que ele não era do tipo a mudar de ideia da noite para o dia. Aquilo não era "nada". Algo sério, algo profundo, tinha acontecido.
"Mas, olha..." ele disse, abruptamente, como se pudesse sentir o peso do meu julgamento silencioso. "Eu não quero falar sobre isso, okay? É sábado à noite, e eu saí pra me divertir na festa do Ricardo. Só quero ficar bêbado hoje."
Sem esperar por uma resposta, ele se virou. "Vou pegar uma bebida pra nós." E se perdeu na multidão, deixando-me com um turbilhão de perguntas não respondidas.
Decidi me sentar com algumas amigas numa mesa próxima à piscina, onde a luz suave e o cheio de churrasco criavam uma atmosfera descontraída que contrastava violentamente com a tempestade dentro de mim.
Não demorou muito para Matheus reaparecer, uma cerveja na mão e um drink para mim. Em vez de me entregar a bebida e ir embora, porém, ele puxou uma cadeira e sentou ao meu lado.
Peguei o drink, sentindo o gosto forte e adocicado enquanto o encarava. Ele desviou o olhar primeiro, mas sentiu a persistência do meu silêncio.
"O que foi?" ele perguntou, intrigado.
"Matheus, você não percebeu que sentou numa mesa só de meninas?"
Ele pareceu levemente ofendido, ergueu-se com um suspiro exagerado. "Ok, já entendi." Um sorriso satisfeito brotou em meus lábios, embora eu visse a sombra de aborrecimento em seus olhos.
A noite seguiu, a conversa fluiu entre um drink e outro. Rimos de coisas bobas, falamos sobre trabalho, sobre a vida, e por algumas horas, o término do Matheus pareceu um fantasma distante. Mas, em um momento de pausa, percebi que ele havia sumido, desde que pedi para ele que se retirasse da mesa, não o vi mais na área externa, devia estar dentro da casa.
Ou será que tinha ido embora? Era improvável. Ricardo era um de seus melhores amigos; Matheus não faria essa desfeita. A ideia de procurá-lo plantou-se em minha mente, alimentada pela curiosidade e pelo álcool que agora turvava meu equilíbrio e afiava minha intuição.
Levantei-me, sentindo o mundo balançar levemente. Meu vestido preto tubinho e os saltos finos pareciam conspirar contra mim, mas a missão estava clara. A casa estava repleta. A sala, um mar de corpos e vozes. A cozinha, um ponto de encontro para os mais sedentos de fome e bebida. Nada.
Meus passos vacilantes me levaram até a escada. O segundo andar? O que ele estaria fazendo em um quarto, em plena festa? Conhecia a casa de outras vezes – cinco quartos no total.
O primeiro, vazio. O segundo também, o terceiro, idem. No quarto, a maçaneta não girou. Estava trancada. Bati na porta, minha voz saindo mais fraca do que gostaria.
"Matheus, você está aí?"
Nenhuma resposta. Bati novamente, com mais força.
"Não tem Matheus aqui." uma voz feminina, irritada, respondeu do outro lado.
"Ops... desculpe." murmurei, recuando rapidamente, um calor de vergonha subindo pelo meu rosto.
Será que ele realmente tinha ido embora sem se despedir? Mas isso não era do seu feitio, se bem que, ultimamente, nada sobre ele parecia normal. Já me convencia a desistir, a aceitar a derrota e ir para casa sozinha, quando a teimosa centelha da curiosidade deu seu último suspiro. Só mais um quarto. Já que vim até aqui.
Abri a última porta sem bater, movida por um impulso cego.
E então, o mundo parou.
O quarto estava escuro, mas a luz do corredor invadiu o espaço como um holofote, congelando a cena em um quadro.
Matheus estava de pé, de costas parcialmente voltadas para a porta, as calças abaixadas. E uma mulher, de joelhos, tinha as mãos e os lábios envoltos no seu pau.
Fiquei paralisada na soleira – uma colisão de sentimentos tão violenta que me deixou anestesiada. Os dois, surpreendidos no seu ato íntimo, que antes de deliciavam de prazer, agora se voltavam para mim com os olhos arregalados, congelados em uma mistura de susto e culpa.
O pau de Matheus era enorme, grande e grosso. Imponente, como de um homem viril, que provavelmente domina uma mulher na cama, e a faz implorar por misericórdia.
(E continua...)






